terça-feira, 11 de maio de 2010

Mulheres maduras: quem poderá detê-las?


Fazemos parte de uma sociedade que nada mais é do que um fruto do pensamento ocidental, de que o avanço da idade nos faz piores e de que a perda da juventude é o fim da produtividade e por conseqüência, da utilidade. Vemos isto claramente no abandono dos idosos, na desvalorização do emprego na maturidade, nas campanhas publicitárias, no seio familiar.
Mas isso precisa mudar e pouco a pouco é possível perceber iniciativas tímidas que podem favorecer uma revolução do pensamento popular. Uma pesquisa com mulheres na menopausa, conduzida pela Amerift Brands constatou que as mulheres maduras estão se divertindo muito mais agora do que quando tinham 20 anos. Acredito, porque mulheres de 20 anos têm muito a provar aos outros e as de 50, já não querem provar nada para ninguém.
No Brasil, as mulheres que têm entre 50 e 70 anos somam 15% da população. Segundo o IBGE, em 2025 este número chegará a 21%. Isto quer dizer que não podemos ignorar uma parcela tão significativa da população, fingindo que elas não estão aí, prontas para compartilhar sua experiência de vida, para acrescentar consistência a quem está na casa dos 20 e para continuar produzindo sim, mesmo em uma cultura onde as pessoas se tornam descartáveis à medida que envelhecem.
Tenho uma amiga que fez 50 anos no mês passado. Nunca vi ninguém tão feliz por completar meio século de existência. Acho incrível, já que a maioria das mulheres que conheço, quando chegam nesta idade começam um ritual de autocomiseração que seria engraçado, se não fosse triste. Longas sessões de tratamentos de beleza, plásticas para parecer alguém que não são, terapia para enfrentar o envelhecimento, apego ao passado, ufa! Esta preocupação toda sim deve acrescentar muitas rugas a quem tenta fugir tanto delas.
Assim como existem pessoas que desistem antes dos 30, vemos se multiplicando exemplos de pessoas que voltam a estudar depois dos 50, que se casam de novo, que realizam projetos pós-aposentadoria, que fazem a vida acontecer. Idade acaba se tornando um conceito relativo, quando entendemos a vida como um espaço de tempo que precisa ser muito bem aproveitado.
Precisamos parar de tentar encaixar as pessoas nas engrenagens da máquina capitalista, tornando cada dia mais vulneráveis aqueles que deixam de fazer parte do processo de produção. Toda e qualquer pessoa tem muito valor enquanto estiver viva e até mesmo depois disto, afinal, sua memória será lembrada pelo que fez ou deixou de fazer.
Todas as mulheres maduras parecem possuir um segredo inerente, um mistério. Elas podem ir muito longe quando encontram pelo caminho pessoas que valorizam suas conquistas e que se propõem a desvendar este mistério. Tão longe que ninguém poderia detê-las. Aliás, ninguém, em sã consciência, ia mesmo querer detê-las.

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