segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hollywood e a Realidade


Algumas mulheres têm muita dificuldade de enfrentar a realidade. Isso é fato. Preferimos nossas quimeras, nosso mundo paralelo, nossa zona de conforto, a um tanque de roupa suja ou uma porta na cara. Dói para todo mundo, mas para essas mulheres dói mais, dói quase que fisicamente.
Essas mulheres são aquelas que continuam suspirando por horas depois do final do filme, que criam frestas com os cotovelos na janela, que têm amor à dor e já não sabem como sair dela. Acostumam, quase gostam.
Conheço uma que sofreu tanto com o fim de um relacionamento que estabeleceu uma meta: só vou namorar de novo quando eu, um dia, sem querer e sem planejar, descobrir que estou apaixonada por alguém que tenha se tornado meu melhor amigo e que tenha descoberto a mesma coisa, ao mesmo tempo. Acontece, muito, o tempo todo. Só que em Hollywood, não aqui.
E nos filmes, por mais que demore um pouco e que aconteçam desencontros, tudo acaba bem, com trilha sonora, com paisagens inesquecíveis, com tudo a que um grande amor tem direito. E melhor do que tudo isso é o fato de que no começo você já sabe como será o fim. Altamente previsível e seguro.
Esconder-se atrás de uma tigela de pipoca funciona por algum tempo, porque você está tão isolada que quase ninguém percebe. Só que de vez em quando, o filme acaba e a pipoca esfria e inevitavelmente vai ser preciso levantar e se aventurar em busca de um pouco mais do que um final “água com açúcar”.
E aí, as possibilidades de reescrever uma nova história são inúmeras. Basta ter a mente e o coração abertos e esperar sem estar esperando. Parece confuso, mas é bem simples. Criar expectativas demais nos faz acreditar que qualquer esbarrão na rua é uma mãozinha do destino. E não ter expectativa nenhuma nos deixa à beira de uma cegueira emocional.
Não existe um segredo. O segredo é persistir em enfrentar a realidade tal qual ela se apresenta.
Vamos então à realidade: se a vida fosse um filme, certamente não seria um romance. Teria um pouco de tudo sim, comédia, ação, suspense, drama e até terror. Mas romance completo, difícil.
Seria romance até a primeira TPM, até a primeira toalha molhada sobre a cama, até o primeiro choro noturno do bebê, até a primeira briga de egos. Depois, romance mesmo, de verdade, daqueles em que o amor escorre pela tela, só num sábado à noite chuvoso, em que a locadora fica aberta até mais tarde. Isso porque o futebol é às quartas-feiras. Caso contrário, seria o drama do Ronaldo, o suspense do Muricy...
E que mal há na realidade? O seu príncipe pode não ser encantado e o cavalo dele pode ser um fusca branco, mas se ele está lá quando você realmente precisa, desça das nuvens e venha fazer companhia a todas nós. Valorize o que as pessoas têm de bom e minimize um pouco os defeitos. Dê mais de si do que espera receber e quem sabe, você vai se surpreender com um final que nem mesmo Spielberg seria capaz de criar.

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