domingo, 9 de fevereiro de 2014

Tire esse monstro do seu armário

As pessoas têm medo da solidão. As mulheres, especialmente. Muitas delas se submetem a situações de desprezo, abuso, violência, indiferença ou desrespeito, simplesmente para ter uma companhia. São adeptas inveteradas do “antes mal acompanhada do que só”.
Obviamente não dá para ser hipócrita e dizer que é sempre maravilhoso estar só. Muitas coisas ficam mais interessantes quando se está acompanhada. Aliás, a felicidade está atrelada, em parte, ao coletivo. Basta lembrar os almoços em família, com aquela mesa rodeada de primos, tios, cunhados, vizinhos e agregados e de como eles permanecem na nossa lembrança da infância à velhice. A coletividade é importante para a nossa sanidade mental e para o desenvolvimento de valores como altruísmo e empatia.
O que não dá para fazer é prender-se a relacionamentos que só trazem sofrimento, apenas para não sentir solidão. Neste caso, é melhor estar só e aprender a ser feliz assim, do que aceitar a morte lenta que vem de um amor bandido.
Aprender a apreciar a própria companhia é uma arte. Isso é consenso no mundo da psicologia. Mas o quanto isso é real para você? Entre estar em um relacionamento ruim, mas que proporcione algum tipo de presença e estar só, mas manter a integridade física e emocional, qual dos dois você escolhe, de verdade?
Segundo uma pesquisa do Euromonitor International entre 1996 e 2011, o número de pessoas que moram sozinhas no mundo teve um aumento de 80%. No Brasil, conforme dados do último censo do IBGE, este número chega a quase 7 milhões de pessoas, ou 12,2% das pessoas que possuem domicílios particulares. Isso é bastante gente, não é?
Mesmo com dados tão expressivos, a solidão continua sendo o monstro de muitos armários por aí. É gente que tem medo do próprio eco. É gente que não sabe ser feliz se não puder reclamar de um tubo de creme dental mal espremido.
Claro: você não precisa sair sorrindo por aí porque está sozinha. Se isso não a faz feliz, mesmo, então busque uma companhia saudável e que no fim das contas, some alguma coisa à sua existência e vice-versa. Mas não faça de você mesma a vilã da história, como se passar um tempo na própria presença fosse o fundo do poço. Não se compare aos que estão bem- acompanhados e felizes, mas sim, aos que mesmo dividindo a vida com alguém, seguem amargurados. Aí você vai ver vantagem.
Pense em como é prazeroso não precisar dividir o controle remoto, não encontrar pelos no sabonete, não dar satisfação de horários, não ter obrigatoriamente, que fazer aquele serviço que pode ser protelado, não precisar discutir a relação, não ter que postar fotos diárias em suas redes sociais com cara de "olha como somos extraordinariamente felizes". 
Pense nos livros que pode ler sem interrupções, nos programas que pode assistir sem questionamentos, nos jantares com amigos que poderá desfrutar sem cobranças. Não se detenha pensando nos beijos e abraços, nos diálogos noite adentro, nos pés quentinhos no inverno e na resposta rápida quando precisar de ajuda. Foque nos benefícios e será muito mais interessante curtir um pouco da própria companhia.
Enquanto o monstro da solidão for inquilino no seu armário, dificilmente você estará pronta para um relacionamento maduro e saudável. A lente da solidão embaça o senso crítico e transforma qualquer sapo em príncipe encantado, rapidinho.  Pense nisso. 

2 comentários:

  1. Olha, estive num namoro complicado, cheguei até a noivar, desmanchar noivado e retornar num namoro, em ficadas, pra acabar finalmente... isso durante 10 anos... foi triste, deprimente, pois muitas traições e mentiras se seguiram...Amor bandido mesmo!!! Mesmo amando, estou tentando me amar primeiro. Mas a mulher, mesmo forte, é frágil. E assim, seguimos, vivendo.

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    1. Realmente não é fácil amiga. Talvez a coisa mais difícil seja abrir mão de um sentimento, mesmo que ele nos faça mal. Mas não é uma alternativa: é a única saída para um bem-estar maior, que não vemos de imediato, mas que certamente chega com o tempo. E só se sabe quando se tenta, não é mesmo? Um beijo.

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