quinta-feira, 8 de julho de 2010

Estranha evolução


Fico perplexa quando ouço por aí, nos meios acadêmicos, midiáticos e populares, que o homem está evoluindo. Não só pela falta de provas cabais, nem pela arrogância de algumas teorias sem fundamento, mas pelo simples fato de que é só olhar para o homem, para comprovar que na verdade, ele está involuindo.
Os anos passam, os séculos transcorrem e quanto mais a ciência se multiplica, mais miserável o homem se torna. Descobrem-se dezenas de curas e centenas de novas doenças. Criam-se avanços tecnológicos e utilizam-se muitos deles para fins inglórios. A maioria da população mundial trabalha para sustentar a minoria que desfruta. E o homem é capaz de matar por motivos cada vez mais torpes. Onde está a evolução disso tudo?
A expansão do conhecimento é inegável e também a superação tecnológica que a humanidade protagoniza diariamente. Só que isto não tem tornado o homem melhor, mais apto para o convívio, mais dado às relações e mais preocupado com as questões sociais. Pelo contrário: na mesma medida em que o mundo melhora tecnologicamente, o ser humano piora.
Sempre houve violência e discórdia. Isso não é novidade por aqui desde que o mundo é mundo. O que mudou é que a violência é cada dia mais gratuita e cruel e sua exposição é tão exagerada, que está deixando de nos sensibilizar. Nem os filmes mais elaborados, com detalhes minuciosos quanto aos enredos de violência e morte conseguem se equiparar ao que acontece aqui na vida real.
A barbárie dos últimos acontecimentos no Brasil nos deixa perplexos, mas precisa mesmo é nos deixar atentos. Homens que matam suas companheiras, amante que manda esquartejar a mãe de seu filho, pais que têm filhos com as próprias filhas, mulheres que abandonam filhos recém nascidos para morrer, adolescentes de famílias ricas que estupram meninas: tudo isso não deve gerar histeria coletiva, mas deve acender a lâmpada da nossa sentinela.
A sentinela é aquele aviso que deveríamos ter diante das situações adversas. Coisas como mude sua atitude, se afaste desta pessoa, adote outro comportamento, saia desta rota são mensagens que recebemos todos os dias. E com o tempo vamos deixando de ouvir. Vamos deixando de perceber. Vamos perdendo a capacidade de julgar se uma situação oferece risco ou não.
Se a sua sentinela não está funcionando como deveria, faça uma lista e cole na geladeira. Como vimos no caso recente do goleiro Bruno e sua amante Eliza, a polícia nem sempre vai proteger você. Então é você quem deve fazê-lo. Anexe à sua lista, pequenos lembretes do tipo: beber e dirigir causa mortes; sexo fora do contexto certo causa sofrimento; dizer sim a tudo que os filhos querem causa problemas futuros; andar armado é perigoso; sair com estranhos é fria; usar drogas mata; não fiscalizar o que os filhos fazem na internet é péssimo; não conhecer os amigos deles é um erro fatal; usar o corpo para obter vantagens financeiras é arriscado. E a lista segue.
Precisamos proteger as nossas famílias, fechar as portas para as situações de risco, abrir bem os olhos para ver o perigo que nos rodeia. Se o homem estivesse mesmo evoluindo, nada disso seria necessário.

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