segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sexo frágil?!


Acho interessante quando alguém, em plena vigência da pós-modernidade chama as mulheres de “sexo frágil”. Deveria ser, supostamente. Suportamos menos peso e temos alguma dificuldade com vidros de azeitona e portas emperradas, mas definitivamente o estereótipo que já nos definiu, no passado, como sexo frágil, não existe mais.
A
companhe o raciocínio. Não vamos ao médico enquanto uma dor não vier acompanhada de pelo menos mais um sintoma real. Suportamos a jornada dupla de trabalho. Temos extensos e dolorosos trabalhos de parto e não fugimos deles, a menos que seja preciso. Preferimos sempre a verdade, mesmo que ela não se encaixe em nosso planejamento. Temos um planejamento. Nos acabamos de chorar no travesseiro por uma noite inteira, mas pela manhã um pouco de gelo e um bom corretivo resolvem nosso problema. Entendemos, desde muito cedo, que cada escolha representa uma renúncia. Somos capazes de morrer de amor e tristeza por filhos, maridos e famílias, mas aprendemos a renascer, sempre que necessário. Onde está a fragilidade em tudo isso?

A
ideia do sexo frágil é tentadora. Faz parte de uma utopia que criamos. Queremos mesmo ser frágeis, protegidas, amadas, veneradas, consoladas e cuidadas como se fôssemos feitas de cristal. Mas quando não somos, sacudimos a poeira e seguimos em frente, fazendo por nós mesmas, aquilo que alguém deixou de fazer. Não é à toa que mundo afora, há milhares de mulheres que chefiam a família porque o marido ou companheiro foi embora. E dão conta de cinco, seis, oito filhos, da casa e de um emprego que banque tudo isso. Força total!

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e fato, cresceu o número de mulheres que chefiam a casa. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2009, divulgados este ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que de 2001 a 2009, a proporção de famílias chefiadas por mulheres no Brasil subiu de aproximadamente 27% para 35% do total. São mulheres solteiras, separadas ou viúvas que têm filhos, solteiras sem filhos, morando sozinhas, entre outras. Mas o perfil que mais chama a atenção é o das mulheres casadas chefiando a família, mesmo tendo um marido ou companheiro em casa, com ou sem filhos. Em 2009, 14,2% dos casais com ou sem filhos eram chefiados por mulheres. Nem sempre é uma questão de escolha, mas quando preciso, encaramos a nova realidade que de alguma forma, se estabeleceu na sociedade.

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urante muitos e muitos anos ficamos deste lado do rio, esperando que um homem forte e gentil nos ajudasse a atravessar. Só que isso não aconteceu. E assim, construímos um pedaço significativo da História da humanidade, através da nossa luta e da coragem de enfrentar desafios, paradigmas e tabus.

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inda apreciamos que nos abram a porta do carro, que carreguem nossas compras, que paguem a conta do jantar. Porém, não permitimos mais que estas atitudes nos tornem dependentes ou submissas. Com uma boa parcela de exceções, é claro, hoje sabemos o que queremos e o que devemos fazer para chegar lá.

Q
uando você se sentir terrivelmente tentada a se debruçar sobre um problema e desistir lembre-se: nada define melhor uma mulher do que a sua força. Em algum lugar do seu coração existe uma rocha que não se despedaça por qualquer intempérie e que a ajudará a manter-se em pé, quando tudo o mais estiver desmoronando. É um excelente pensamento para começar um novo ano, que está quase aí e quem sabe até, uma nova vida.

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