quarta-feira, 13 de abril de 2011

Novos tempos

Não tenho conta no Twitter, Facebook, Orkut (já tive e ouvi dizer que agora é coisa do passado) e em nenhuma outra rede social. Minha única conexão com o mundo virtual é este blog. Veja bem: não me orgulho disso. Conheço as necessidades reais de se acompanhar o tempo e suas rápidas mudanças e sei que fico a léguas de distância daqueles que se conectam com maior facilidade. Mas ainda não encontrei um meio de organizar meu tempo onde isso se encaixe. Eu quero mesmo é diminuir as tarefas, para sobrar mais tempo para o que é essencial. E um “bichinho virtual” para cuidar não me ajudaria nisso. Hoje, mas espero que isso mude, logo.

Enfim, estou refletindo sobre essas mutações tecnológicas tão rápidas. Conheci a internet quando fui para a faculdade. Minha amiga Vivi criou uma conta de e-mail para mim, que utilizo até hoje. Eu morava em regime de internato, então outras três garotas dividiam o quarto comigo. Ninguém tinha celular. A televisão ficava em um centro de entretenimento, junto com uma sala de jogos de mesa. Se eu quisesse assistir telejornais, tinha que ir até lá. Eu não tinha computador pessoal e a faculdade ficava em uma fazenda a 15 km de distância da cidade mais próxima. Meus trabalhos eram entregues em disquete. Muitos eram feitos à mão, mesmo. Faz sete anos que me formei. Outro dia li uma troca de recados entre duas pessoas que moram e estudam lá atualmente, dizendo assim: “meu pendrive precisa visitar o seu MacBook para saber das novidades”. Sete anos é tanto tempo assim? Fiquei quase chocada.

O fato é que as coisas acontecem de maneira muito rápida, verdadeiramente. E isso é bom, mas pode ser ruim, para quem tem dificuldade de acompanhar o tempo. Algumas pessoas aceitam com maior facilidade, outras adoecem porque não conseguem absorver a demanda de tempo exigida, ironicamente, pela tecnologia. Era para a tecnologia facilitar a vida, mas para quem não sabe usar, ela apenas preenche pequenos espaços de tempo, até que “pessoa ocupada” vira sinônimo de “pessoa moderna”.

Mês passado o Japão sofreu um terremoto seguido de tsunami de proporções catastróficas. As pessoas não ficaram sabendo – elas viram em tempo real, transmitido pela televisão, ou via internet, por computadores, celulares ou tablets. Há apenas 10 anos isso seria quase impensável. Existia um caminho para que a notícia fosse exibida: pauta/produção/decupagem/edição/exibição. Hoje isso é praticamente arcaico. As pessoas fazem notícia pelas redes sociais em tempo real, sem intermediários. O papel do jornalista é muito mais interpretativo do que demonstrativo, porque quase todo mundo já sabe o que aconteceu, eles apenas querem saber o que você pensa sobre isso e qual é a sua maneira de se conectar à realidade.

Isso dificulta bastante a profissão, já que precisamos nos reciclar diariamente. Mas facilita bastante no tocante às fontes. Há fontes saltando da tela o tempo todo e isso enriquece as reportagens, as crônicas, os artigos. A informação nunca foi tão acessível, resta saber selecionar e aí podemos ter sérios problemas.

De qualquer forma, as mudanças estão aí e o que se pode fazer é tirar o melhor proveito delas, para que nos sirvam e não precisemos servi-las. Os verdadeiros sábios tecnológicos são aqueles capazes de viver sem a tecnologia, caso ela falte. E tomara que isso não aconteça, ou deixarei de existir virtualmente. Contraditório não? Nem tanto. Demandas de novos tempos.

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